THE NEW YORK TIMES: Estudos mostram o papel da obesidade na COVID-19. A gordura pode suprimir a reação inicial de resposta ao vírus, permitindo que o patógeno se espalhe rápido.

“Assim como as raízes de uma árvore crescem no solo, as raízes de um problema de saúde crescem em um ambiente favorável a esse problema específico. Quando alteramos o solo, alteramos as raízes”

A obesidade pode ser um dos mais importantes preditores para as formas graves de doença relacionada à COVID-19. Essa foi uma das manchetes em abril de 2020 do New York Times. A revista Lancet, uma das mais conceituadas da área médica, também chamou atenção para os casos graves da COVID-19 de pacientes jovens e obesos.

“Uma nova pandemia está agora se somando a uma epidemia existente”, disse a Dra. Christy Richardson, endocrinologista no SSM Health, no Missouri. Sobre os efeitos da obesidade nas doenças infecciosas. E ressalta: “Ainda estamos aprendendo, mas não é difícil entender como o corpo pode ser afetado”.

Alguns obesos, infectados pelo coronavírus, podem já ter a sua função respiratória comprometida. O excesso de gordura abdominal pode comprimir o músculo diafragma [um dos mais importantes para a respiração], os pulmões e comprometer a capacidade pulmonar [de captar 02 e eliminar C02].

Sabe-se que a Obesidade causa uma inflamação crônica no corpo e leva a um aumento de substâncias pró-inflamatórias conhecidas como citocinas, as quais podem influenciar nos quadros clínicos mais graves relacionados à doença COVID-19.

Cabe ainda ressaltar que, o processo inflamatório decorrente da Obesidade pode levar a várias doenças tais como Diabetes, hipertensão arterial que por si só aumentam a vulnerabilidade frente ao contato com o coronavírus. Além do que, os obesos costumam ter deficiências nutricionais decorrentes da ingestão de uma dieta rica em calorias e pouco nutritiva.

O Instituto de Medicina Funcional dos EUA, um dos países com maior numero de obesos do planeta, analisou as 4 fases de prevenção e tratamento frente ao contato com o coronavírus com o objetivo de orientar os indivíduos a tomar medidas de proteção, além das sobejamente conhecidas medidas comportamentais [uso de máscaras, lavagem de mãos, distanciamento social].

Essas orientações nos lembra o antigo debate feito pelo químico Pasteur e o clínico Claude Bernard na segunda metade do século XIX, quando se discutia a importância do germe e do terreno biológico.  

Vide nesse site: “As quatro fases da COVID-19 – Como podemos atuar?”

Hoje sabemos que o germe [aqui o coronavírus] é importante no aparecimento das doenças, mas o terreno biológico influencia muito se esse vírus consegue se multiplicar no corpo promovendo infecção, gerando mais inflamação  e comprometendo vários órgãos e sistemas tais como os pulmões, os rins, o cérebro e os nervos, o coração e os vasos sanguíneos. Toda a cascata inflamatória ocasiona lesões e alteração nas funções do organismo.

MAS O QUE É TERRENO BIOLÓGICO?

Simplificadamente inclui o sistema responsável pela nossa defesa de combate a agentes que vem de fora [vírus, bactérias, fungos, alérgenos], chamado Sistema Imunológico, e a todos sistemas envolvidos na biotransformação e na eliminação desses agentes  e na metabolização de produtos gerados internamente pelo organismo – Fígado, intestinos, rins.

Para que os sistemas citados acima executem as suas funções da melhor maneira possível, precisa-se que os sistemas responsáveis pela sobrevivência básica do corpo – Sistema Digestório e Respiratório estejam no seu melhor desempenho. Precisamos de oxigênio 02 e de nutrientes [glicose extraída dos carboidratos, aminoácidos da quebra das proteínas e de ácidos graxos provenientes da digestão das gorduras além de vitaminas, minerais, fibras e do nutriente maior – ÁGUA].

Esses nutrientes são digeridos no trato digestório e absorvidos principalmente nos intestinos. Passam para o sangue que os carreiam para todos os órgãos e células do corpo. Nas células, dentro das mitocôndrias [motor da célula] ocorre o milagre da combinação dos nutrientes e do 02  gerando a Energia que nos sustenta e nos mantém vivos.

 Se o corpo estiver inflamado, cheio de toxinas e com nutrientes insuficientes, o terreno biológico não está no seu melhor. É preciso se conscientizar disso e agir!

MAS, AFINAL, O QUE É OBESIDADE EXATAMENTE?

Desde a década de 90, com a descoberta que a obesidade é uma doença inflamatória, uma nova visão surgiu. Agora se sabe que o tecido adiposo não é inerte, mas funciona como um órgão imunoendocrino que libera adipocinas. Elas são secretadas, em grande parte na circulação sanguínea  e geram um processo inflamatório crônico que afeta a função de diversos órgãos. Essa inflamação leva à resistência a ação da insulina [hormônio que coloca a glicose dentro da célula]. A glicose uma vez dentro da célula será queimada na mitocôndria [motor da célula] que produzirá energia.

À resistência à insulina altera o funcionamento metabólico e pode gerar compulsão alimentar além de afetar os órgãos sensíveis à ela [fígado, musculo e região do hipotálamo no cérebro] e a tireóide [glândula chave no ritmo metabólico].

As doenças associadas à obesidade, são consequências da resistência à insulina tais como: doenças cardiovasculares, esteatose hepática [“fígado gorduroso”], síndrome do ovário policístico além de alterações na *cognição, na pele [acne, acantosis nigricans- escurecimento da pele em regiões como axilas, pescoço…] e até alguns tipos de câncer como o câncer de mama.

O QUE PODEMOS UTILIZAR PARA O GERENCIAMENTO DO PESO E NA RECUPERAÇÃO DA SAÚDE?

Temos que agir sobre as causas mais frequentes da obesidade:

  1. Redução do estresse crônico com ferramentas que controlam a mente.
  2. Melhora da qualidade do sono, essencial na saúde do cérebro.
  3. Correção de maus hábitos alimentares, em especial evitar gorduras trans e saturadas, carboidratos refinados e açúcar.
  4. Detoxificação de toxinas ambientais e disruptores endócrinos tais como agrotóxicos, polímeros derivados de petróleo, aditivos alimentares, poluição e metais tóxicos
  5. Combater o sedentarismo
  6. Desbloqueio de traumas emocionais

Essas causas levam a desequilíbrios no organismo:

  1. Balanço energético positivo com ganho de gordura
  2. Inflamação
  3. Estresse oxidativo [com lesão de células]
  4. Disbiose intestinal [desequilíbrio da flora intestinal]
  5. Intoxicação
  6. Alterações hormonais [insulina, cortisol, hormônios sexuais e da tireoide]

A recuperação da saúde, para a perda de peso, deve levar em consideração todos esses desequilíbrios e deve-se adotar medidas que os corrijam!

Para alcançar os objetivos de trazer o organismo para o seu equilíbrio energético e metabólico temos várias ferramentas terapêuticas visando cada um dos desequilíbrios:

1.Modulação de neurotransmissores [mensageiros químicos das células nervosas] Melhorar a dopamina envolvida no prazer e na motivação, e a serotonina relacionada ao bem-estar, bom humor e controle da ingestão de alimentos e do ciclo circadiano. Quando alterados podem levar à compulsão alimentar e a depressão
2.Controle do estresse crônico que ativa o eixo HPA [Hipotálamo- Hipófise-Adrenal] e estimula a produção de cortisol. O excesso de cortisol está ligado à resistência à insulina e ao aumento da gordura visceral. Isso pode aumentar o glutamato no cérebro, neurotransmissor que pode causar danos para as células cerebrais e levar a ansiedade. O aumento de GABA, neurotransmissor antagonista do glutamato seria fundamental para a saúde cerebral.
3.Otimizar o funcionamento da tireoide que regula o gasto energético basal e a produção de calor. Quando desregulada na obesidade leva a dislipidemias tais como aumento de colesterol e de triglicérides
4.Ativação do tecido adiposo marrom que é altamente vascularizado e rico em mitocôndrias [motor da célula-importante na queima de gordura branca]. Indivíduos obesos têm reduzida concentração dessa gordura marrom
5.Redução do tecido adiposo branco que está expandido na obesidade e que secreta diversas citocinas e mediadores inflamatórios, os quais ativam o sistema imune via macrófagos gerando inflamação. A redução da adipogênese [geração de gordura] e a ampliação da lipólise [queima de gordura] são estratégias eficazes na redução da gordura corporal
6.A esteatose hepática(“fígado gorduroso”) é uma desordem comum em indivíduos obesos e com resistência à insulina. Acredita-se que as principais vias de ativação do acúmulo de gordura no fígado estejam ligadas à inflamação e ao estresse oxidativo [lesão celular]. Há várias plantas medicinais que podem ser utilizadas para auxiliar na reversão desse quadro associadas a uma alimentação saudável
7.O músculo esquelético tem um papel essencial no equilíbrio [homeostase] da glicose no sangue. Cerca de 85% da glicose pós-prandial [após alimentar-se] é captada pelo musculo. Em situações de excesso de gordura corporal e resistência à insulina, essa captação cai substancialmente gerando hiperglicemia [aumento da glicose no sangue] e as suas consequências no organismo tais como lesões nos rins, na retina, nos nervos, etc. A prática regular de exercícios, a restrição calórica, jejum intermitente e o consumo diário de antioxidantes/polifenóis e seus suplementos, auxiliam sobremaneira na homeostase da glicose no organismo
8.A nível do intestino delgado via inibição parcial de enzimas digestivas, pode-se agir sobre o balanço energético já que a obesidade é uma doença caracterizada pelo acúmulo de gordura corporal resultante do desequilíbrio do balanço energético [elevado consumo de calorias quando comparado ao gasto energético diário]. A utilização de fibras solúveis e insolúveis além da inibição de enzimas digestivas permite reduzir a absorção de gorduras da dieta
9.A disbiose intestinal [desequilíbrio da flora intestinal] e o aumento da permeabilidade intestinal resultantes da dieta ocidental – rica em gorduras trans, saturadas e carboidratos refinados, além de pobre em micronutrientes, polifenois e fibras. Ambos fenômenos favorecem a obesidade via inflamação por favorecimento de bactérias Firmicutes que favorecem o ganho de peso. O uso de fibras prebióticas e das bactérias probióticas aliados a uma dieta saudável e suplementos auxiliam no equilíbrio da flora intestinal
10.O risco cardiovascular está muito aumentado na obesidade em virtude da inflamação crônica e o estresse oxidativo na camada de células endoteliais dos vasos sanguíneos. Há uma menor ativação da enzima eNOS com redução da produção do óxido nítrico e da vasodilatação. Essas alterações são denominadas de disfunção endotelial. Ela é o primeiro passo para o desenvolvimento da aterosclerose [placas de gorduras dentro dos vasos] e da Hipertensão arterial. Há diversos nutrientes e plantas medicinais que podem atenuar nesse processo e prevenir o desenvolvimento de complicações cardiovasculares

Enfim, a perda de peso deve ser acompanhada da correção de todos estes desequilíbrios em busca da recuperação da saúde e do terreno biológico!

Vide nesse site: “Obesidade – Por que perder peso e manter o peso ideal é difícil para algumas pessoas?”

O QUE FAZEMOS NA CLÍNICA COMO SUPORTE AO GERENCIAMENTO DO PESO? 

Utilizamos em nossa clínica algumas ferramentas de investigação e suporte:

1. Avaliação clínica e com exames complementares da Medicina Funcional para investigação de alergias alimentares ocultas, do funcionamento da destoxificação hepática, da produção de energia pela mitocôndria
2. Avaliação clínica e com exame complementar da Medicina Funcional da composição e alterações da flora intestinal
3. Programa 5Rs – Vide nesse site: “Microbiota Intestinal- Qual a importância para a sua saúde?”
4. Orientação alimentar com alimentos nutritivos e que auxiliem no equilíbrio do organismo; Adequação da digestão dos alimentosMelhora da absorção dos nutrientes provenientes da alimentação para chegada em todos os órgãos do corpo “Somos o que comemos, digerimos e absorvemos”
5. Equilíbrio da microbiota intestinal com pré e probióticos
6. Correção do sono reparador   importante na recuperação da imunidade – Vide nesse site: “Por que nós dormimos?”
7. Reposição de vitaminas e minerais deficientes de acordo com os exames laboratoriais que auxiliam na recuperação da energia
8. Uso de plantas medicinais ocidentais e orientais que modulam o sistema imune, ajudam no sono reparador e no combate ao estresse e auxiliam na recuperação da energia.
9. Uso da acupuntura que libera endorfinas e auxilia na função do sistema imune, descongestiona as vias respiratórias, combate inflamação e alivia dores, acalma a mente, etc. 
Vide nesse site: “Acupuntura: indicações”
10. Redução do estresse psíquico  e suas consequências que desgastam o organismo via  alterações no Sistema PsicoNeuroImunoEndocrinológico  com tratamento psicoterápico usando  as técnicas de  EMDR e Brainspotting (Brain Therapy) baseadas na neurociência de como o cérebro funciona.

Vide nesse site: “Trauma- como podemos ajudar”;  “EMDR-Uma Psicoterapia Revolucionária”;  “ O que é Brainspotting- Esse método pode equilibrar o. nosso sistema?”