COMO O AUTOCONHECIMENTO AJUDA NO COMER COMPULSIVO?

Quando você percebe que não é igual as outras pessoas que comem sem perder o controle na presença da comida, você pode partir para descobrir a causa que o levou até esse ponto e agir sobre ela. Pode haver várias causas que interferem no seu controle sobre a comida – Teoria Biossocial da Regulação emocional:

Essa Teoria refere-se à sensibilidade biológica [Genética] que interage com o ambiente [Ambiental] no qual você foi criado e os eventos específicos de vida que enfrentou [Social].

GENÉTICA X AMBIENTE

 I -VULNERABILIDADE EMOCIONAL BASEADA NA BIOLOGIA

A intensidade com que sentimos as emoções e a tendência de sentir são parcialmente predefinidas, ou seja, biológicas. Se responder sim a uma ou mais perguntas abaixo, isso poderá sugerir que você se encontra no espectro de alta vulnerabilidade emocional.

QUESTIONARIO DE VULNERABILIDADE EMOCIONAL

  1. Você é mais sensível ou fica mais facilmente chateado do que as outras pessoas [independentemente de contar ou não para os outros o que está sentindo]?

(    )SIM   (    )NÃO

  1. 2Você acredita que responde de forma mais intensa às suas emoções do que as outras pessoas [independentemente de exteriorizar ou não as suas emoções]?

(    )SIM   (    )NÃO

  1. 3 Quando sente que está ficando emotivo ou chateado, você acredita ter uma tendência a ficar desse jeito por muito mais tempo do que as outras pessoas?

(    )SIM   (    )NÃO

Os 3 componentes da vulnerabilidade biológica à emoção que aparecem nessas perguntas são:

1.SensibilidadeNão é necessário, muita coisa para deixar você chateado. Você é “sensível demais”
2.IntensidadeVocê tende a reagir de forma mais intensa do que as outras pessoas na mesma situação. Elas dizem que você tem “reações em excesso” perante os menores sinais de crítica e rejeição
3.DuraçãoVocê vivencia uma demora maior para voltar ao “normal”. As suas reações emocionais duram muito mais tempo, e frequentemente você apresenta dificuldades para voltar ao seu estado de calma

II – VULNERABILIDADE BIOLÓGICA À ALIMENTAÇÃO E ÀS SUAS CARACTERÍSTICAS DE RECOMPENSA.

As pessoas com compulsão alimentar podem apresentar uma vulnerabilidade maior não apenas à emoção, mas também à alimentação e às suas características de recompensa.

As pesquisas não conseguem afirmar com clareza se essa vulnerabilidade existe antes da compulsão alimentar ou se é consequência desta, ou ainda se as duas vulnerabilidades [à alimentos e à recompensa] interagiram e se desenvolveram ao longo do tempo, mas sabemos que provavelmente houve o desenvolvimento de ambos os fatores.

O QUE MOSTRAM AS PESQUISAS?

UM BREVE RESUMO 

1.A Ressonância Magnética Funcional [RMf] mostra que no indivíduo ao imaginar-se comendo o alimento e o quanto será bom e prazeroso, algumas áreas do cérebro são ativadas
2.Há evidência de que o valor de recompensa da comida mais desejável é mais elevado em vigência de estados emocionais desconfortáveis nos indivíduos que comem compulsivamente
3.Pesquisas mostram que a repetição das compulsões alimentares modifica o circuito de recompensa do cérebro de forma que leva ao aumento da chance de um novo episodio de comer compulsivo
4.O adiamento da recompensa descreve a dificuldade de resistir a recompensas de curto prazo [como a dificuldade de resistir à vontade de comer de forma compulsiva] no lugar de recompensas de longo prazo.Em outras palavras, o valor de recompensa futura é desconsiderado porque o indivíduo quer uma recompensa imediata.

III – AMBIENTES INVALIDANTES

O QUE SÃO AMBIENTES INVALIDANTES?

São ambientes nos quais os indivíduos respondem de forma inadequada e/ou inconsistente ao que acontecem dentro deles- as suas vivências internas.

MAS O QUE SÃO AS TAIS VIVÊNCIAS INTERNAS?

São os pensamentos, sentimentos, crenças e sensações corporais.

Se eu não aprender a identificar essas vivências e a lidar de forma mais satisfatória com elas, posso achar que a comida assim como outras fugas [sexo, bebida, fumo, drogas dentre outras] podem me desligar ao invés de procurar saídas mais saudáveis para administrar o impacto que os relacionamentos, trabalho e as questões de sobrevivência geram em nós.

ONDE APRENDEMOS A LIDAR COM AS VIVÊNCIAS INTERNAS DE FORMAS INADEQUADAS?

No ambiente onde você foi criado e provavelmente onde se encontra hoje.

Isso não quer dizer que os que o criaram não o amaram ou que não fizeram o melhor que sabiam fazer para cuidar de você.

Talvez os seus pais não sabiam lidar com as emoções deles e ensinaram para você o que aprenderam, seja de forma muito repressora e pessimista, seja otimista demais, ou de forma extremamente critica.

À medida que o ambiente o invalidava, não o ensinando que  as emoções e  os sentimentos fazem parte da nossa existência humana e que temos que aprender a lidar com eles e não simplesmente negá-los; que as crenças e pensamentos são criados e podem tanto ajudar a seguir em frente como nos bloquear; que as sensações corporais sinalizam para o cérebro que algo confortável ou desconfortável está acontecendo conosco; e enfim, que tudo isso gera um comportamento aprendido em busca do prazer ou de tentativa de evitar a dor, e que ele se nos causa problemas seja  conosco e/ou com os outros, pode ser ajustado.

A BOA NOTÍCIA: O que aprendemos de forma inadequada, pode ser reaprendido de forma mais saudável desde hábitos alimentares, regulação emocional, habilidades sociais e de desenvolvimento de tolerância à frustração e à recompensa.

Afinal, desde aprender a ler e escrever [educação cognitiva] que é um processo contínuo de tentativas e erros durante o nosso desenvolvimento físico e mental até alcançar o resultado esperado, assim   também se dá  com a  nossa educação emocional(lidar com as nossas emoções, os relacionamentos, etc…)

Vide artigo nesse site “Educação Emocional – Você sabe o que significa?”

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