Reações adversas a alimentos são classificadas como:

  1. Com ou sem o envolvimento do sistema imune;
  2. Pode ou não incluir a produção de anticorpos.

No quadro acima temos alguns exemplos de reações adversas a alimentos que incluem um universo enorme que varia desde:

  1. Alergias agudas e tardias (mediadas pelo sistema imune) (vide diferença no artigo nesse site “Doenças alérgicas”) quanto a
  2. Intolerâncias alimentares (por deficiências de enzimas digestivas) (vide diferença no artigo nesse site “Doenças alérgicas”);
  3. Aquelas mediadas geneticamente tal como a Doença Celíaca (vide artigo nesse site “Glúten – o que você precisa saber”);
  4. Reações farmacológicas de compostos presentes nos alimentos tal como as reações a histamina presentes nos alimentos ou liberadas por eles além de deficiência da enzima que faz a sua metabolização (DAO-Deamino Oxidase)(vide artigo nesse site “Intolerância a histamina – o que você precisa saber”);
  5. Intoxicações alimentares provenientes de alimentos contaminados por microorganismos e suas toxinas;
  6. Até uma vastidão de componentes presentes nos produtos alimentícios como conservantes, corantes, estabilizantes dentre outros; chegando a presença de agrotóxicos presentes em alimentos não orgânicos, hormônios, antibióticos; componentes de embalagens plásticas como bisfenol A(BPA), ftalatos; componentes presentes nos alimentos in natura como as lectinas (vide artigo nesse site “Lectinas- por que você deveria evitar?”) além das reações a FODMAPS (vide artigo nesse site: “ O que são FODMAPS?”);
  7. Até reações autoimunes (vide artigo nesse site “Sistema Imune- Quando o corpo se ataca”)

Elas provocam inflamação no organismo e podem atingir todos os 7 sistemas do corpo que incluem:

Provocando desequilíbrios no funcionamento dos mesmos e gerando os sinais e sintomas clínicos.

VAMOS ENTÃO AO VASTO MUNDO DE MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS?

SISTEMA IMUNE DE DEFESA E INFLAMAÇÃO SISTÊMICA

As consequências da ativação induzida por alimentos do sistema imunológico podem inicialmente ser sutis, mas podem se tornar graves com o tempo. A ingestão contínua de substâncias reativas causa microinflamação local no tecido intestinal, que se espalha insidiosamente e pode se manifestar em outros tecidos. Portanto, os sistemas hormonal, nervoso e metabólico podem ser afetados e os sintomas podem se manifestar de várias formas. Isso é complexo e os sintomas podem não ser identificados com a reação aos alimentos como causa inicial.

A tabela a seguir mostra alguns problemas associados a reações a alimentos por ativação do sistema imune:

Problemas gastrointestinaisDiarreia, constipação, Síndrome do Colón irritável, gastrite, refluxo…Deficiência nutricional associada e/ou mal absorção de nutrientes
Problemas de peleEczema, psoríase, urticária, ceratose, rash
Problemas neurológicos e comportamentaisEnxaqueca, outras cefaleias, problemas de memória, mudanças de humor, seletividade alimentar, bulimia, anorexia, depressão, ansiedade, TDAH
Problemas respiratóriosRinite, sinusite, tosse crônica, asma
Problemas metabólicos, endócrinosDificuldade de perder peso, obesidade, Diabetes melitus, síndrome metabólica, problemas na tireóide, infertilidade, irregularidades menstruais
Problemas musculo-esqueléticosRigidez ou inchaço nas articulações, tendinites, dores crônicas
Problemas imunes e outrosSistema imune deficiente contra vírus, bactérias, fungos; doenças autoimunes, tumores

QUAIS SÃO OS 3 SISTEMAS DO CORPO INICIALMENTE AFETADOS:

QUAL O PAPEL DO SISTEMA IMUNE?

O sistema imune consiste de três barreiras que se inter-relacionam e nos protegem das doenças.

  1. A barreira 1 corresponde a um tipo de filtro grosseiro que captura potenciais germes por barreiras mecânicas ou biológicas;
  2. A barreira 2 inclui uma resposta direcional do corpo. As células do sistema imune inato são a parte evolutivamente mais antiga de nossa defesa imunológica. Elas atacam todas as substâncias e germes, que não são padrões endógenos ou moleculares (antígenos) que são reconhecidos como patogênicos e, portanto, não são tolerados. Este tipo de resposta imune é um tipo de vanguarda, uma barreira de proteção inicial que se destina a eliminar patógenos invasores em minutos ou iniciar um novo combate criando inflamação;
  3. A barreira 3, o sistema imune adaptativo, que é composto por células especializadas e seus produtos, detecta patógenos e células infectadas e direciona ataques contra os mesmos, utilizando anticorpos personalizados e resposta a padrões moleculares específicos nas superfícies celulares.

O intestino contém cerca de 70-80% do sistema imunológico. Com quase 400m ² é a maior área de contato com o mundo externo. Em torno do intestino, existe um tecido linfoide extenso (GALT, tecido linfoide associado ao intestino) que forma o maior órgão imune do nosso corpo.

O sistema imunológico está exposto a várias influências. Elas vão determinar se o nosso sistema de defesa fica equilibrado ou não.

COMO O SISTEMA IMUNE ATUA?

Dependendo do equilíbrio do nosso organismo o sistema imune pode cumprir as suas funções a contento ou ficar enfraquecido, hiperativo ou atacar o próprio corpo(autoimunidade).

QUAIS AS CONSEQUENCIAS DAS REAÇOES DOS ALIMENTOS NO SISTEMA DIGESTÓRIO?

Ocorre a hiperpermeabilidade da barreira intestinal, o chamado Leaky Gut.

O QUE ACONTECE COM OS MACRONUTRIENTES (CARBOIDRATOS, PROTEÍNAS E LIPÍDEOS) E OS MICRONUTRIENTES (VITAMINAS E MINERAIS) NAS REAÇÕES ADVERSAS A ALIMENTOS? 

Devido a alterações no processo digestivo tipo digestão incompleta dos macronutrientes e alterações na absorção, boa parte dos nutrientes dos alimentos saudáveis que estamos ingerindo junto com os “alimentos problemáticos”, não são absorvidos e saem nas fezes.

Como todo o restante do organismo depende da produção de energia proveniente da digestão dos alimentos [combustível] via trato digestório, vamos ficando cada vez mais depletados, podendo perder peso, ter fadiga física e mental

ABORDAGEM DA MEDICINA FUNCIONAL NAS ALERGIAS

Dra. Kara Fritzgerald do Instituto de Medicina Funcional usa as seguintes ferramentas baseadas no paradigma dessa abordagem que leva em consideração vários fatores que ela chama de 6 PASSOS:

  1. REDUZIR SINTOMAS: pode usar desde medicamentos antialérgicos (adrenalina, corticoides e antialergênicos) até plantas com funções antialérgicas e imunomoduladoras;
  2. REMOVER A CARGA ANTIGÊNICA: inclui investigar e afastar todos os possíveis alérgenos aos quais a pessoa estiver sensibilizada até exposição a toxinas ambientais que favorecem a inflamação do corpo e agrava mais o quadro.

Utilizar água potável de boa qualidade (vide artigo nesse site: “As surpreendentes verdades que ninguém nunca te contou sobre a água que você bebe”) e alimentos orgânicos é também muito importante para o paciente alérgico;

  1. REPARAR BARREIRAS: sensibilização a alérgenos acompanha barreiras hipermeáveis, a mais comum é a hiperpermeabilidade intestinal (Leaky Gut), mas a da pele, dos pulmões, da mucosa nasal dentre outras mucosas são também possíveis sítios para sensibilização quando danificadas. Alta histamina, uso de antibióticos e esteroides também aumentam a permeabilidade da barreira.

Reparar as barreiras é essencial em um bom programa de alergia de sucesso;

  1. RESTAURAR O MICROBIOMA: a disbiose (desequilíbrio da flora intestinal) é parte da patogenesis das doenças alérgicas e precisa ser corrigida. Isso pode ser feito simplesmente desde promoção de alteração na dieta até investigação com exames de fezes [que avaliam desde a composição das bactérias intestinais, de parasitas, substâncias inflamatórias, alimentos mal digeridos dentre outros] a reposição de prebióticos, próbioticos a alimentos fermentados dependendo do caso;
  2. RECOLOCAR: inclui corrigir deficiências de nutrientes de forma a reduzir a inflamação e melhorar a tolerância. Pode-se usar zinco, vitamina D, A, ômega3 além de otimizar a digestão com enzimas digestivas e ácido clorídrico;
  3. REEQUILIBRAR: o individuo estressado libera cortisol que danifica a barreira intestinal assim deve-se incluir no tratamento algum programa que equilibre a mente-corpo.

O QUE FAZEMOS NA CLÍNICA COMO SUPORTE A ESSAS REAÇÕES?

 Utilizamos em nossa clínica:

  1. Uma orientação alimentar anti-inflamatória, anti-alergênica e desintoxicante individualizada baseado nos exames laboratoriais;
  2. Adequação da digestão dos alimentos e da absorção dos nutrientes usando o Programa dos 5Rs;
  3. Fórmulas magistrais chinesas no combate a rinite, sinusite, asma, bronquite, alergias de pele, alergias alimentares; fórmulas digestivas;
  4. Fórmulas com vitaminas e minerais, aminoácidos para repor os nutrientes depletados e modular o sistema imune;
  5. Suplementos tais como ômega 3, cúrcuma, resveratrol, luteolina, quercetina e os específicos para o quadro clínico;
  6. Acupuntura [vide neste site: “Acupuntura: indicações”]no alivio dos quadros respiratórios, alergias de pele e melhora da digestão;
  7. Tratamento psicoterápicopara insônia, ansiedade, alergia, depressão, de traumas, fobias dentre outras baseado nas mais modernas descobertas de como o cérebro funciona e dos impactos sobre ele que repercutem em nossa saúde mental- EMDR [vide nesse site o artigo: “EMDR- uma psicoterapia revolucionária”];
  8. Adequação do sono (vide artigo nesse site: “Por que nós dormimos?”“Insônia- como melhorar o sono, o humor e a vitalidade”);
  9. Associada a essa terapia trabalhamos também as questões sobre o sentido e proposito de vida [Vide neste site o artigo: “Uma visão completa e prática do que é ter sentido na vida”]