Para pessoas que sofrem de dor crônica, a limitação à movimentação e a dor em si e não são os únicos problemas. Dor crônica também afeta o cérebro de forma que pode levar a depressão, ansiedade e dificuldade cognitiva. Na abordagem da Medicina Funcional, olha-se não somente para como tratar a dor, mas também como proteger o cérebro dos impactos da dor crônica. Ao abordar os desequilíbrios do cérebro causados pela dor crônica podemos realmente ajudar a trazer alívio e começar a relaxar a dor.

Cientistas da Universidade de Northwestern dos EUA descobriram que pacientes com dor crônica, depressão e outros sintomas relacionados ao cérebro podem ser disparados por um mal funcionamento do córtex cerebral.

No cérebro saudável, cada região ativa ou desativa de acordo com a função pretendida, criando um equilíbrio natural entre todas as regiões que fluem e refluem a cada momento em resposta ao ambiente e ao corpo.

Mas em casos de pessoas com dor crônica, uma parte do córtex “nunca desliga”, de acordo com Dante Chialvo, principal autor do estudo.

As áreas que deveriam ser desativadas não o fazem, levando a uma ativação de aceleração intensa que altera as conexões entre os neurônios e pode levar a danos permanentes.

A equipe de Chialvo usou a tecnologia de ressonância magnética para comparar os cérebros dos indivíduos com dor crônica com os cérebros das pessoas sem dor. Quando os dois grupos assumiram a mesma tarefa, o grupo com dor crônica realizou a tarefa tão bem quanto o grupo sem dor, mas seu cérebro funcionou de maneira um pouco diferente.

Enquanto certas partes do córtex foram ativadas no grupo livre de dor, outras desativaram, criando o equilíbrio esperado chamado de “rede de estado de repouso”.

No grupo com dor crônica, no entanto, uma das áreas dessa rede permaneceu excitada em vez de ser desativada.

De acordo com Chialvo, “sabemos quando os neurônios disparam demais, eles podem mudar suas conexões com outros neurônios ou até mesmo degenerar por não conseguirem sustentar a atividade intensa por muito tempo”.

MICRÓGLIA ATIVADA [SISTEMA IMUNE DO CÉREBRO]

Essas mudanças podem afetar o humor e dificultar a tomada de decisões.

VIAS DA DOR

As descobertas indicam não apenas a necessidade de melhores opções para manejo da dor, mas também novas maneiras de prevenir a disfunção cerebral que pode estar por trás desses sintomas

É por isso que, se você se encontrar em uma situação em que vivencia a dor cronicamente, é importante buscar um tratamento mais integrativo e não apenas tratamento para aliviar a dor, mas também para proteger seu cérebro dos danos da dor crônica.

A dor crônica é aprendida pelo corpo como uma nova habilidade.

A dor crônica é semelhante a uma memória aprendida. Quando se repete algo, o estímulo continuado fortalece uma rede neural [neurônios que disparam juntos, permanecem juntos].  Com a dor crônica ocorre algo semelhante. A dor persistente torna-se crônica porque os neurônios envolvidos tornam-se mais eficientes na transmissão dos sinais de dor. Vide artigos nesse site: “Fibromialgia – Nova perspectivas na neurociência” e “Qual a abordagem da Medicina Funcional na fibromialgia?”.

MÉTODOS FUNCIONAIS PARA ABORDAR A DOR CRÔNICA

A dor crônica pode privá-lo do prazer na vida e drenar a sua energia até mesmo para tomar as medidas necessárias para enfrentá-la.

O tratamento convencional depende muito de soluções rápidas, como antiinflamatórios não-esteróides [AINHs], narcóticos e antidepressivos. No entanto, essas substâncias podem criar dependência e efeitos colaterais. Correções temporárias para dor crônica não chegam à raiz do problema.

Na Medicina Funcional, olhamos para a dor crônica a partir de uma perspectiva de corpo inteiro, buscando as causas [raiz]. Embora os medicamentos às vezes sejam necessários, há muitas terapias que podem associadas para modular a dor.

A inflamação é uma das causas mais comuns de dor crônica. O resultado da resposta imune do seu corpo a toxinas ambientais prejudiciais, alergias, sensibilidades alimentares e estresse, a inflamação deve ser modulada para aliviar a dor crônica.

PASSOS QUE PODEM SER UTILIZADOS NA MODULAÇÃO DA DOR CRÔNICA:

  1. Seguir uma Dieta anti-inflamatória é fundamental para mediar a inflamação. Muitos alimentos comuns podem levar à inflamação sistêmica, como glúten, laticínios, ovos, grãos, legumes e os da família das nightshade [solenáceas contém alcaloides] (ex.batata , berinjela, pimentão, tomate dentre outras).

Muitas pessoas experimentam um profundo alívio da dor simplesmente evitando uma ou mais dessas categorias de alimentos.

Para aqueles com autoimunidade, uma dieta anti-inflamatória é fundamental para o manejo não apenas da dor crônica, mas de muitos outros sintomas associados.

Evitar o excesso de açúcares é importante para combater a dor e a inflamação. Altos e baixos na glicemia contribuem para a inflamação do corpo e especialmente do cérebro.

Endurance do cérebro depende basicamente de glicose, de oxigênio e de estimulo. [vide artigo nesse site: “O seu cérebro está funcionando bem?”];

  1. Exercícios leves a moderados podem ajudar a reduzir a inflamação sistêmica e a dor relacionada. Mover o corpo ajuda a circular sangue e oxigênio, remover toxinas, modular o sistema imunológico e liberar BNDF [Brain-derived neurotrophic fator] e GNDF [Glia-derived neurotrophic fator] [fatores de crescimento que ajudam na sobrevivência das células do sistema nervoso e na formação de novas células].

Mas cuidado com o excesso de exercício pois pode aumentar a inflamação sistêmica e a dor;

  1. sono é um dos mediadores mais poderosos para a dor crônica. Embora às vezes seja a própria dor que impede alguém de dormir, há maneiras de você apoiar um bom sono [vide artigo nesse site: “Por que nós dormimos?”];
  2. Gerenciamento de estresse. O estresse elevado anda de mãos dadas com a inflamação sistêmica. Uma prática diária de redução do estresse, como a meditação, o tai chi, o chi gong, a ioga, técnicas de respiração dentre outras ajudam muito a reduzir a dor e a inflamação;
  3. Psicoterapia direcionada para o controle da dor tal como a Terapia EMDR, pode auxiliar a tratar as causas de dor decorrente de traumas emocionais [vide artigo nesse site: “Trauma- como podemos ajudar?”]

É difícil conviver com a dor crônica e, para remediar, é preciso agir.

OITO ESTRATÉGIAS COMPLEMENTARES NO TRATAMENTO A DOR CRÔNICA

Utilizamos em nossa clínica:

  1. Uma orientação alimentar anti-inflamatória, anti-alergênica  e desintoxicante individualizadabaseada nos exames laboratoriais;
  2. Fórmulas magistrais chinesasno combate à inflamação, a dor, que ativam a circulação, para modular  o sistema imunológico e formulas tonificantes que melhoram a energia e a disposiçao;
  3. Fórmulas com vitaminas e mineraispara repor os nutrientes depletados e aminoácidos para auxiliar na produção de neurotransmissores;
  4. Suplementostais como ômega 3, cúrcuma, resveratrol, berberina e os específicos para o quadro clínico;
  5. Acupuntura (vide neste site: “Acupuntura: indicações”) que libera endorfinas  no controle do estresse, da dor,  para ajudar no sono e na modulação do sistema imune;
  6. Desbloqueio de fáscia para melhorar a circulação e a chegada de nutrientes nos tecidos;
  7. Tratamento psicoterápicobaseado nas mais modernas descobertas de como o cérebro funciona e dos impactos sobre ele que repercutem em nossa saúde mental- EMDR (vide nesse site o artigo: “EMDR- uma psicoterapia revolucionária”);
  8. Associada a essa terapia trabalhamos também as questões sobre o sentido e proposito de vida (Vide neste site o artigo: “Uma visão completa e prática do que é ter sentido na vida”)